quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

ENTREVISTA COM LOKUA KANZA

Entrevista

LOKUA KANZA
“Nkolo” é o título do sexto álbum de originais de Lokua kanza. “Nkolo” em português Deus. Com mais de 20 anos de carreira, Lokua considera que chegou o momento de fazer uma homenagem, um agradecimento especial a Deus, razão que o levou a dedicar o álbum em espírito, texto, composição estética ao Senhor. O músico revela que tem uma vida de sorte, sorte esta que lhe é dada por este ser superior, que o criou, guarda, protege e lhe vem conferindo todo o talento e génio criativo. Em “Nkolo”, Lokua kanza não traduz todos temas a falar diretamente de Deus, mas reúne canções cuja mensagem e direcção rumam ao senhor, fala de amor, família, de esperança, regresso, saudade, agradecimento e sobretudo de amor ao próximo e todo esse conjunto confirmado de valores são atribuídos ou seja são feitos a imagem de “Nkolo”.

Agora a viver no Rio de Janeiro, Brasi,l o músico e exímio guitarrista congolês foi convidado pela Fundação Sindika Dokolo – segunda trienal de Luanda para encerrar o certame e o painel musical do evento, à margem de toda a sua agenda Lokua concedeu uma entrevista a GrandesMundos.

Porque razão e no seu olhar crítico é que música de Angola e congolesa senão mesmo de África têm tanta dificuldade em entrar noutros mercados?

Esse problema não é apenas do angolano, é mesmo um problema de África, ou seja quando se faz uma música só para o seu país é uma coisa, quando se pensa alto e se quer fazer músicas muito mais acabada com outros elementos estéticos e códigos universalmente aceites e confirmado a sua música vai romper fruteiras porque fez músicas para mundo toda a gente se revê nela. Outra coisa muitos jovens músicos gostariam e querem cantar como americanos, franceses, italianos ou ingleses o que é extremamente errado é um projeto falhado, porque você precisa de ser original, ter ritmo africano, música africana, cantar africano. Para mim a primeira coisa que o músico africano deve preservar é a sua raiz, a sua base. Depois deve fazer uma mistura da música tradicional com técnicas e lições de conservatório, os padrões modernos e clássicos como jazz, bossa nova, merengue e todos outros ritmos e elementos que compõem o próprio complexo e já muito diverso e adverso universo artístico.

Como e onde foi produzido o vídeo do tema Nakozonga

O tema aborda questões de saudade, por isso mesmo gravámos em África, na minha terra no Congo, em nada valia rodá-lo na Europa, ou mesmo no Brasil. O vídeo foi gravado num dos rios do meu Congo. o tema como disse fala de saudade, de alguém que vive fora da terra de casa e tem saudade quer voltar á casa, a história é em torno desta questão; saudade da terra e o regresso.

Quando se tem um país como Angola ou o Congo o mais importante é apresentar ao mundo o que se tem de belo e agradável, às nossas coisas e artes e tudo aquilo que mais nenhum povo tem, temos tudo e mais, e é isso que devemos mostrar aos outros povos. Eu Lokua kanza já vive nas Américas e na Europa, e gosto são terras que têm tudo já desenvolvido. Nós os africanos temos que mostrar o que de original temos: mulher, roupa rios, praias, terra, sabedoria, Montanhas e no vídeo …. ” Nakozonga “tem um pouco disso.


LOKUA KANZA

Qual o segredo e magia da guitarra do Lokua kanza?

Quando começo a aprender a tocar violão, aprendo como todos e qualquer quer jovem de rua, e com o tempo fui á escola de música clássica, onde aprendo tudo sobre música de conservatório em versão académica, entretanto, tendo o domínio de técnicas clássicas não toco ou executo obedecendo a rigor a norma clássica ou melhor eu lokua kanza toco ritmos de África com técnicas clássicas: primeiro vem a essência que é de África e posteriormente adicionou outros saberes ou linguagens. Este é o segredo e magia de lokua kanza mais a tudo isso adiciona-se muito trabalho, empenho e profissionalismo.

Como o Brasil recebeu o Lokua kanza?

Muitos brasileiros no meu ver tem uma alma africana, porque se ouvir muito bem a bossa-nova é ritmo de África, é do Congo -Maluba (de seguida o músico bate na mesa em ritmo bem cadenciado e subtrai dela um som agradável de se ouvir próximo ao ritmo e género bossa-nova) dá sequência a conversa e diz que esse ritmo não existe noutro lugar senão em Xabamobaxi-Congo e é esse modo diferente de olhar para as coisas e a música que me aproximou do Brasil e brasileiros. Porque penso que quando canto e toco os brasileiros tal angolanos e franceses sentem.

LOKUA KANZA E COLEGAS

O músico tem de obrigatoriamente cantar em língua estrangeira para que a música seja recebida e ouvida?

Não. Quando você tem alma forte, tem emoção não precisa de cantar em inglês ou francês. Muita gente gosta da minha música e eu canto essencialmente em Lingala, creio que o problema esta mesmo no coração e alma. É claro que as pessoas compreendem a língua ajuda e muito, mas se não cantar bem, não tem boa letra e as pessoas não entendem o que diz é mau.

A viver agora no Brasil Lokua kanza tem composto temas para músicos brasileiros de reconhecido talento e sucesso internacional como Gal Costa, Ana Carolina, Djavan Vanessa da mata Ney Matogrosso, Luísa Possi. Um dos melhores momentos e glória da sua carreira, diz o artista.

Que historia nos revela a música” Moninga “?

Moninga fala de um amigo que tive, era um grande baixista e tocou o tema chana i dance, estava muito doente quando fui ao hospital visitá-lo, o medico chamou e disse que ele tinha pelo menos mais uma semana ou menos de vida. Fui a casa peguei no violão e saio o tema “Moninga” que fala de amor e saudade e do carinho que tinha por ele. E tal se confirmou dias depois acabou por morrer.

Entrevista por: Renato de Menezes

Esta entrevista foi corrigida nos termos do novo acordo ortográfico.

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